sexta-feira, 27 de março de 2009

Educação e Ludicidade - Encontro 2

As Segundas Intenções do Brincar


Autora: Priscila Benitez

RESUMO

Esse artigo contextualiza tanto o ato prazeroso e espontâneo que o brincar proporciona a criança, como o aspecto educativo, uma vez que brincando ela consegue desenvolver diversas habilidades. De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, muitos autores afirmam a importância e a eficácia da brincadeira durante a educação formal da criança, pois é por meio dela que a mesma pode representar vários papéis sociais, o que estimula maior percepção do mundo no qual ela se encontra. Diante disto foi possível verificar os inúmeros resultados benéficos que a brincadeira proporciona a educação infantil. Logo, esta pesquisa tem como objetivo apresentar a importância das brincadeiras na educação infantil e levantar questões que envolvam a criança e o brinquedo possibilitando uma aprendizagem significativa a ela.


1 INTRODUÇÃO

Novos olhares pedagógicos vêm sendo utilizados a fim de inovarem as ferramentas educativas existentes na educação infantil. Assim, o uso de brincadeiras apresenta funções primordiais ao ensino, pois por meio da imaginação a criança consegue desenvolver o pensamento criativo e ampliar sua percepção de mundo, por isso, a temática abordada nesse estudo refere-se às segundas intenções do brincar.

É brincando que a criança aprende, ou seja, a brincadeira também apresenta fins educativos, pois por intermédio de tal ato, o educador fornece diretrizes para o desenvolvimento moral da criança, como por exemplo: noções de certo e errado, de limites, etc. É dessa forma que a aprendizagem ocorre de modo prazeroso e significativo à criança, conforme a pesquisa realizada por Kishimoto (2001).

A criança ao desenvolver-se adequadamente, tende a construir novos conceitos, os quais em grande maioria são produtos da aprendizagem formal emitida pela escola, assim, tal instituição deve fazer uso de novos olhares pedagógicos em seu processo ensino-aprendizagem, uma vez, que os quais permitem aumento na qualidade do ensino e despertam a curiosidade nos alunos motivando-os a uma aprendizagem significativa (CHATEAU, 1987).

A brincadeira de acordo com Kishimoto (2005) estimula a criatividade, a imaginação, à inserção da criança no mundo, ampliam sua cadeia de relacionamento social, enfim por intermédio do jogo nota-se a estimulação do desenvolvimento cognitivo, motor, social e afetivo. Esse instrumento também estimula a integração e desperta o interesse em todos os alunos, resultando na função primordial da escola, ou seja, estimular o aprendizado na criança, para formar cidadãos conscientes capazes de exercer o pensamento crítico e criativo. Pode-se notar a importância das brincadeiras no desenvolvimento da criança. Isso significa que os jogos e as brincadeiras são requisitos imprescindíveis no âmbito escolar.

Perante este contexto, percebe-se a importância desse estudo, uma vez que visa à eficácia do espectro escolar, assim, por meio da revisão da literatura, pode-se levantar dados sobre o jogo, sua história, finalidades e fins pedagógicos, bem como, a importância do jogo para criança e a implantação das brincadeiras como ferramentas eficazes no âmbito escolar.

Mediante essa discussão introdutória, esse trabalho foi organizado em três momentos. No primeiro foi apontado o material e método utilizado nessa pesquisa, no segundo capítulo o leitor encontrará os resultados encontrados e por último a discussão das informações levantadas.

2 OBJETIVOS

Essa pesquisa objetivou apresentar a importância da influencia dos jogos e brincadeiras como facilitadores do processo ensino-aprendizagem e levantar questões que envolvam a criança e o brinquedo possibilitando uma aprendizagem significativa a ela.

3 MATERIAL E MÉTODO

Os dados coletados nesse estudo foram retirados em diversas fontes, desde obras e periódicos publicados recentemente disponíveis na Biblioteca Virtual (On-line) Scielo e no site de Psicopedagogia. Também foram utilizadas informações presentes em documentos oficiais, como: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e Referencial para a Formação de Professores.

O método utilizado nesse estudo refere-se à abordagem histórica, segundo Simiand (2003), pode ser definido como uma abordagem metodológica, cujos fenômenos configuram um fato histórico, portanto, reflexos e ativos em um determinado contexto histórico. Nota-se que a brincadeira e/ou jogo estão presentes a muitos anos na vida do homem, porém a respeito de sua origem pouco se sabe, devido o fato de sua transmissão ocorrer de criança para criança no caráter oral e não escrito.

Brotto (2001) explica que o jogo infantil pode ser visto sob a visão sociológica, educacional, psicológica, antropológica e folclórica. A primeira está relacionada a influencia do contexto social no qual a criança brinca, a segunda apresenta a contribuição do aprendizado para a mesma, a terceira propicia melhor compreensão sobre o funcionamento da psique, das emoções e da personalidade das mesmas, já a quarta explica a maneira como o jogo reflete em cada sociedade que ele é utilizado, de acordo com os seus costumes, hábitos e cultura, logo, a ultima pode ser estudada numa perspectiva de expressão cultural infantil bem como a preservação das tradições e costumes.

Portanto, os jogos, brinquedos e as brincadeiras fazem parte do universo infantil e estão presentes na humanidade desde o seu início. A brincadeira humana faz uso tanto do contexto social no qual ela está inserida como cultural, pois tal ato sofre mudanças devido às diferenças nos valores sociais encontrados em cada sociedade. O método histórico também valoriza o homem enquanto construtor de sua história, nesse sentido, é possível compreender a criança como agente ativo de sua aprendizagem, por isso, é necessário que o professor signifique o conteúdo emitido, por meio de jogos e brincadeiras, os quais configuram as necessidades reais da criança.

O principal procedimento metodológico para esta pesquisa foi o levantamento bibliográfico, ou seja, a revisão da literatura, a luz do referencial histórico.

4 RESULTADOS

A vida da criança é toda permeada pela brincadeira e pelo fantasiar. É nesse momento que ela experimenta suas novas habilidades, explora seu potencial, exercita sua imaginação, sua sociabilidade e sua criatividade (KISHIMOTO, 2001).

O jogo e/ou brincadeira existe antes mesmo da própria civilização, entretanto é difícil defini-lo, devido as constantes mudanças, ou seja, as relações históricas, culturais e sociais nas quais ele pertence. Paula (1996) explica que todo ser que joga está buscando prazer, logo é difícil estabelecer uma definição ao jogo. Huizinga (1996, p. 33 apud BROTTO, 2001, p. 11) explica o jogo como:

Uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”.

Nota-se que a brincadeira apresenta caráter voluntário devido à criança jogar sem pressões e função educativa, pois por meio dela a criança aprende a desenvolver limites tanto no espaço quanto no tempo e a fidelidade as regras propostas por tal ato.

As brincadeiras e/ou jogos estão presentes desde muitos anos na sociedade, no Brasil pode-se encontrar as brincadeiras de rua e o folclore, como divertimentos que norteiam a sociedade até hoje. Então, Pontes e Magalhães (2002) explicam que a brincadeira de rua é um fenômeno paradigmático para o estudo da organização social de crianças e da cultura infantil, pois as regras desta brincadeira são transmitidas durante séculos de geração a geração, sem nenhuma referencia escrita, então, mesmo em condições financeiras precárias a criança consegue brincar, pois basta apenas observar as crianças carentes, as quais exercem as capacidades humanas de apropriarem e transmitirem as práticas culturais.

Pontes e Magalhães (2002) explicam que cada brincadeira, em cada cultura, possui uma estrutura peculiar que a define. A estrutura da brincadeira, no geral determina o desenrolar dos acontecimentos no jogo, prevendo padrões, estratégias e sanções típicas. Assim, pode-se observar que através do jogo a criança tende a desenvolver a sua moralidade, ou seja, os seus valores morais perante a sociedade na qual se encontra.

Então, a brincadeira não é inata, pois a partir dos recursos que a criança irá encontrar em seu ambiente, é que ela irá brincar, assim, a brincadeira pressupõe uma aprendizagem social, ou seja, de valores sociais.

Ao explicar o jogo, a brincadeira e o brinquedo por estarem associados ao mesmo, podem gerar certa confusão, logo, veja abaixo como esses termos são definidos no dicionário Larousse (1982, p. 65):

"Jogo = Ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento". Seguem-se alguns exemplos: "jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de empurra".
"Brinquedo = objeto destinado a divertir uma criança".
"Brincadeira = ação de brincar, divertimento. / Gracejo, zombaria. / Festinha entre amigos ou parentes. / Qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e que custa mais do que se esperava: aquela brincadeira custou-me caro".

Então o jogo é a forma exclusivamente humana de brincar, envolvendo regras as quais desencadeiam em um ritual de papeis. Um outro aspecto que o jogo proporciona está relacionado ao fato dele estimular a aproximação de conteúdos existentes na relação da criança consigo mesma, auxiliando na construção da identidade e fortalecendo a própria personalidade da mesma.

Por meio do jogo a criança desenvolve a linguagem, pois até tornar-se hábil na fala, o jogo devido ao seu poder simbólico é quem facilita a expressão das emoções e dos sentimentos pela criança, promove o desenvolvimento cognitivo, porque é através dele que a criança recebe um maior numero de informações, já em relação ao desenvolvimento afetivo o que se pode perceber é que o jogo é a oportunidade da criança expressar sua vida emocional, possibilitando o desenvolvimento físico-motor por explorar o corpo e o espaço, resultando por fim no desenvolvimento moral, pois as regras emitidas pelo jogo são adotadas por ela (VOLPATO, 2002).

Nota-se que durante o desenvolvimento da linguagem a criança precisa compreender as regras por meio de proposições. Muitas brincadeiras envolvem rimas, histórias, cantigas e enredos folclóricos. Logo, o campo de experiência da criança irá se ampliar e a linguagem irá se desenvolver. E as trocas verbais que ocorrem durante o jogo possibilitam a reciprocidade interpessoal. Entretanto, para que a criança venha a desenvolver a linguagem, ela deve vivenciar uma situação de intervenção, acolhimento, apoio e incentivo para pode conhecer e experimentar novos desafios (WINNICOTT, 1997).

O jogo permite a criança vivenciar situações próprias dos adultos, o que facilita sua inserção social. Um ponto fundamental é que quando a criança brinca e/ou joga ela faz uso de seu poder simbólico, ou seja, através dos símbolos consegue vivenciar uma situação real, porém ela cria apenas aquilo que ela é capaz de agüentar, adaptando a realidade a necessidade emocional na qual ela se encontra (VELASCO, 1996).
Pode-se observar que enquanto o espectro afetivo está se desenvolvendo, paralelamente encontra-se o espectro cognitivo, assim, a criança começa a ter presença ativa na brincadeira, deixando de lado a imitação. Intervindo na brincadeira, ela começa a desenvolver a cooperação e assim, seus valores morais, desenvolvendo o limite e por fim, ampliando suas relações sociais (FRIEDMANN, 1992).

Os jogos e/ou brincadeiras são componentes cruciais do desenvolvimento humano, pois é por meio deles que a criança consegue desenvolver tanto a tolerância a frustração, nas situações de derrota quanto de raciocínio, na elaboração de novas estratégias para vencer da próxima vez. Assim, por intermédio deles a criança é capaz de tornar manejáveis e compreensíveis os aspectos esmagadores e desorientadores do mundo (CHATEAU, 1982).

O modo como à criança brinca, pode influir no seu processo de aprendizagem, pois se ela respeita as regras, tende a perceber o outro que está ao seu lado e assim aprender, isto é, internalizar o conhecimento, entretanto, se ela não consegue aceitar tais regras como ela irá aceitar o conhecimento fornecido pelo educador? Então, nota-se a necessidade do uso do jogo durante o processo ensino-aprendizagem da criança.

Então, quando a criança perde no jogo, nota-se o desenvolvimento da capacidade de tolerância à frustração na mesma, por perder algo que desejava vencer, reconhecimento do outro. O importante é que a derrota estimule na criança a capacidade de utilizar novas técnicas para vencer o jogo, o que permite o desenvolvimento do raciocínio.

O brincar na escola trás desenvolvimento tanto para o aluno quanto ao educador, pois a partir dos resultados que a brincadeira apresenta, ele consegue compreender as inter-relações existentes na sala de aula, podendo perceber o nível de realização que seus alunos se encontram, suas possibilidades de interação, sua habilidade para conduzir-se de acordo com as regras do jogo, assim como suas experiências do dia-a-dia e as regras de comportamento reveladas pelo jogo de faz-de-conta (BERTOLDO; RUSCHEL, 2000).

A partir de suas observações, o educador terá condições de programar atividades pedagógicas que desenvolvam os conceitos que as crianças já estão constituindo e que sejam adequadas as possibilidades reais de interação e compreensão que elas apresentam em determinado estagiam de seu desenvolvimento.

O educador deve planejar a sua pratica pedagógica, refletir e aplica-la com seus alunos e logo após, avaliar e se possível replanejá-la. Durante a brincadeira ou o jogo, o educador deve compartilhar com as crianças a organização do material, pois desta forma, o educando consegue estimular uma postura de valorização e responsabilidade nos seus alunos e o que também acarretará naturalmente, em uma atitude de cooperação e respeito entre elas (CARVALHO; ALVES; GOMES, 2005).

O principal enfoque do educador durante o jogo é o enriquecimento que o mesmo promoverá durante o desenvolvimento da atividade, introduzindo novos personagens ou novas situações, os quais tornam o jogo mais rico e interessante para as crianças, aumentando suas possibilidades de aprendizagem. O educador também deve valorizar as atividades das crianças, interessando-se por elas, animando-as pelo esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não existe ganhadores ou perdedores, por fim, não estimulando a rivalidade.

De acordo com Kishimoto (2005, p. 66):

Brincando, portanto, a criança coloca-se num papel de poder, em que ela pode dominar os vilões ou as situações que provocariam medo ou que a fariam sentir-se vulnerável e insegura. A brincadeira de super-heroi, ao mesmo tempo em que ajuda a criança a construir a autoconfiança, leva-a a superar obstáculos da vida real, como se vestir, comer um alimento sem deixar cair, fazer amigos, enfim, corresponder as expectativas dos padrões adultos.

Velasco (1996, p. 69) completa o pensamento de Kishimoto (2005), pois:

A criança constrói sua personalidade brincando. A brincadeira é uma parcela importante da sua vida. Para o adulto as experiências tanto externas como internas podem ser férteis, mas para a criança essa riqueza encontra-se principalmente na brincadeira e na fantasia.

Brincando, a criança pode vivenciar uma mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e comportamentos adequados. O brincar é uma atividade prática, na qual as crianças constroem e transformam seu mundo, conjuntamente, renegociando e redefinindo a realidade. Assim, o brincar compreende uma construção da realidade, a produção de um mundo e a transformação do tempo e do lugar em que ele pode acontecer.

A criança tem prazer em todas as experiências de brincadeira física e emocional, pois é comum dizer que as crianças dão escoamento ao ódio e a agressão nas brincadeiras, como se a agressão fosse uma substancia má de que ela poderá se livrar colocando-a para fora. Assim, as crianças brincam por prazer, pois é muito difícil ver crianças brincando para dominar suas angústias, controlar idéias ou impulsos que conduzem a angustia se não forem dominados.

Winnicott (1997) explica que no início a criança brinca sozinha ou com a mãe, outras são imediatamente procuradas como companheiras, assim, por meio da brincadeira e do jogo as demais crianças são ajustas a determinados papeis pré-concebidos e a criança começa a desenvolver seus papéis sociais, ampliando sua sociabilidade.

As crianças em todas as épocas têm passado grande parte do seu tempo brincando, assim, nota-se a importância desta atividade para o desenvolvimento infantil. Piaget (1999) define o brincar a partir da sua relação com o desenvolvimento psicológico mais amplo, bem como, uma atividade facilitadora da aprendizagem. Tendo em vista, essa argumentação foi possível compreender as segundas intenções do brincar: a função educativa. Abaixo, segue a discussão entre os diversos autores que entendem a brincadeira e o jogo como elemento indispensável no contexto escolar.

Brincar é a fase mais importante da infância, do desenvolvimento humano, por ser a auto-ativa representação do interno, a representação de necessidades e impulsos internos (FROEBEL, 1912 apud KISHIMOTO, 1998). A criança demonstra, no brincar, o segredo de viver em harmonia. O seu mundo lúdico é mítico, poético, enfim, é o reino da fantasia. No jogar, afloram a afetividade e a emoção, os elementos simbólicos produzem uma transformação das emoções em sentimentos. Então, como afetividade e cognição desenvolvem paralelamente, como apresenta os estudos de Piaget (1999), o jogo torna-se elemento crucial no processo ensino-aprendizagem resultando, portanto fundamental importância pedagógica.

O jogo e/ou brincadeira apresentam importante função pedagógica por ser uma ferramenta eficaz durante o desenvolvimento da aprendizagem na criança. Afinal, é o jogo um dos maiores estimuladores do desenvolvimento do pensamento na criança, pois sua relação simbólica com os objetos existentes no mundo real propicia um avanço das estruturas cognitivas, formando estruturas complexas capazes de construir o pensamento abstrato e criativo. A criança quando cumpre uma tarefa proposta pelo jogo, aprende a fixar sua atenção e a se esforçar a concluir tal tarefa. Desenvolve também a capacidade de ordem, tanto pessoal quanto social e quando a ordem pessoal está presente há afirmação do eu durante a ação da criança. Por intermédio da brincadeira e/ou jogo a criança socializa com as demais, pelo fato de executar uma tarefa coletiva, seguindo determinadas regras e tomando consciência da importância do outro em sua vida, ou seja, invertendo os papéis sociais (FREIRE, 1989).

O jogo transformado em instrumento pedagógico, por meio do ensino possibilita o educador ensinar conteúdos teóricos as crianças a partir de sua prática, ou seja, jogando. De acordo com Freire (1989) o jogo possibilita o desenvolvimento cognitivo por meio do jogo da amarelinha, da motricidade, das corridas e atividades de salto, do desenvolvimento social, devido as atividade em grupo, assim como a construção de sílabas, contar números, etc.

O processo de aprendizagem, por sua vez, implica a realização de atividades que levem a construção dos conceitos que constituem o referido conteúdo, através das informações que ele contém, isto é, todo conteúdo constituído de uma serie de informações, dados e fatos articulados entre si segundo uma ordem interna, que deverá ser compreendida pelo educando. É pelo domínio destes elementos que a criança desenvolve as funções do pensamento, assim como constitui noções de tempo, espaço, simultaneidade, etc. O pensamento vem, portanto da atividade. As atividades envolvidas no processo de aprendizagem são: observação, experimentação, reflexão, organização (por meio da fala, escrita, desenho e movimento) e apresentação do conhecimento adquirido (BOCK; FURTARDO; TEIXEIRA, 2002).

É a partir dessa perspectiva mais abrangente do processo de constituição do individuo como ser social, afetivo e cognoscente que se deve pensar o papel do jogo e da brincadeira na escola. Os jogos com regras exigem raciocínio, estratégia, antecipação de um resultado, então quando a criança é capaz de respeitar as regras ela consegue lidar melhor com as outras crianças, ou seja, interage melhor, porém, quando há dificuldade da criança se relacionar com as demais, nota-se a presença da dificuldade da mesma em aceitar as regras sociais. Froebel (1912 apud KISHIMOTO, 1998) não foi o primeiro a verificar o valor educativo do jogo, porém foi o primeiro a praticá-lo no jardim de infância, norteando a metodologia dos dons e ocupações dos brinquedos e jogos, propondo: dons materiais como, por exemplo: bola, cubo, varetas, anéis etc., a partir da orientação do educador e brinquedos e jogos, ou seja, atividades simbólicas, livres, acompanhadas de músicas e movimentos corporais, destinadas a liberar a criança para a expressão das relações que estabelece sobre objetos e situações do seu cotidiano. Os brinquedos são atividades imitativas livres, e os jogos, atividades livres com o emprego dos dons.

A brincadeira, segundo Vygotsky (1994, p. 117), é a atividade principal porque “cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança”, ou seja, no brinquedo a criança realiza ações que estão além do que sua idade lhe permite realizar, agindo no mundo que a rodeia tentando apreendê-lo, auxiliando-a a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Portanto, brincar contribui para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos.

Bertoldo e Ruschel (2000) explicam alguns conceitos de Piaget (1999), pelo fato de tal autor ter estruturado o jogo em três categorias, ou seja, o jogo de exercício, cujo objetivo é exercitar a função em si, o jogo simbólico, cujo indivíduo se coloca independente das características do objeto, funcionando em esquema de assimilação, e o jogo de regra, no qual está implícita uma relação inter individual que exige a resignação por parte do sujeito. Piaget (1999) cita ainda uma quarta modalidade, que é o jogo de construção, em que a criança cria algo.

O brinquedo é, então, um objeto cultural que traz inúmeros significados e que servirá de veículo às brincadeiras e também “sintetiza a representação que uma dada sociedade tem da criança”. Assim, “o brinquedo se mostra como um objeto complexo que permite a compreensão do funcionamento da cultura” (KISHIMOTO, 2001, p. 233). Assim, o brinquedo adquire um sentido especial para cada criança e em cada diferente circunstância e o seu valor simbólico ultrapassa sua função técnica. Em vista disso, a maioria dos brinquedos comercializados já faz parte de uma (pré)concepção dos papéis de ser-menino ou ser-menina.

De acordo com o Referencial para a Formação de Professores (1999) as instituições escolares devem possibilitar a criança o desenvolvimento integral da mesma, ou seja, não apenas intelectual, mas psicológico, físico e social, a fim de possibilitar a formação do cidadão por inteiro, para exercer tais finalidades, tal instituição precisa utilizar instrumentos norteadores que irão possibilitar resolver tal necessidade, para isto, o lúdico e a criatividade são elementos cruciais (BRASIL, 1999).

Já nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (R.C.N.E.I.) (1998), pode-se notar o enfoque de tal documento na sensibilização de educadores para a importância do brincar tanto em instituições escolares ou não, pelo fato da brincadeira representar a linguagem infantil que associa o símbolo a realidade da criança.

Os jogos e as brincadeiras dependem muito da habilidade do educador, pois podem influenciar diretamente, decisivamente e proporcionar nos alunos o aprender a conviver com os outros, praticar cooperação, iniciativa, cortesia e desenvolver o espírito esportivo para reagir positivamente em face das decisões dos outros e habituar-se a organização e regras das atividades sociais. Assim, a verdadeira educação é aquela que estimula na criança um comportamento adequado para satisfazer suas várias necessidades intelectuais e orgânicas – como a necessidade de saber, de observar, de explorar, de jogar, de viver e a educação têm apenas um caminho, isto é, organizar seus conhecimentos, partindo da realidade, da necessidade e do interesse da criança. É neste momento que encontramos a necessidade de conhecer e estudar o desenvolvimento da criança.

O brinquedo educativo assume a função lúdica e educativa, como ressalta Kishimoto, (2005, p. 37):

1.Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente; e
2.Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o individuo em seu saber, seus conhecimento e sua apreensão do mundo.

Paula (1996) explica o jogo funcional e o jogo lúdico. O primeiro está relacionado as funções instintivas do bebe, como por exemplo: andar, beber, correr, etc; apresentando-se em movimentos muito difusos, porém para a criança não há gesto que seja desperdiçado, pois cada um será moldado para estabelecer uma nova função, tal jogo apresenta caráter passivo, devido a obediência da criança ao instinto.

Já o jogo lúdico é consciente e representa uma necessidade de expressão de todo o ser, desenvolvendo a afirmação do “eu” da criança. Para Vygotsky (1994, p. 123), “o brinquedo é quem constrói uma situação típica do imaginário da criança”, ou seja, é capaz de desenvolver o pensamento simbólico, desenvolver as capacidades superiores da mente, pois a criança apenas através do símbolo consegue entender a realidade na qual se encontra, existe a necessidade do desenvolvimento deste pensamento devido o fato do ser humano viver em uma sociedade onde tudo gira em torno do símbolo.

Assim, a brincadeira é uma ferramenta auxiliar para o desenvolvimento deste pensamento abstrato, pois ao nascer ela não consegue ter a capacidade de abstração do pensamento, apenas consegue conhecer e vivenciar o concreto, ou seja, o real, assim, o brinquedo ajudará a desenvolver tal capacidade, pois o mesmo brinquedo em determinados momentos e em diversas brincadeiras, pode receber inúmeros significados para a criança.

Logo, o jogo e o brinquedo, na concepção vygotskyana, correspondem ao mundo ilusório e imaginário onde os desejos não-realizaveis podem ser realizados. É por meio do jogo e da brincadeira que a criança aprende a agir numa dimensão cognitiva, principalmente a partir de suas motivações e tendência internas.

Piaget (1999) observou a brincadeira como elemento crucial do desenvolvimento moral para a criança, pois por intermédio dela a mesma consegue internalizar as regras solicitadas pelo jogo.

O brinquedo é o fornecedor da brincadeira, ele é a fonte de imagens a ser manipulada, traduzindo o universo real ou imaginário, alimentando a ação. Essas imagens fazem parte da cultura a ser assimilada pela criança, ela pode transformar criar e recriar suas próprias significações por meio da manipulação.

O brincar é um comportamento espontâneo da criança, o adulto deve criar situações que estimulem a brincadeira. No brincar espontâneo nota-se dois aspectos essenciais: a auto-expressão e a auto-realização no comportamento da criança.

O jogo apresenta importante função, pois tal ação envolve a ritualização de papéis e a regulação de determinados cenários, logo, nos jogos ao invés de haver imprevisibilidade como na brincadeira, há uma ritualização da ação com inicio, meio e fim, portanto, presença de um ciclo repetitivo. Portanto o jogo difere das outras formas de brincar por solicitar que os participantes sigam suas regras através do uso de suas habilidades cognitivas (PONTES; MAGALHÃES, 2002). Nesse contexto, as regras do jogo apresentam indiscutível papel, pois solicita que seus participantes determinem estratégias eficientes para conseguirem ganhar, porém há uma limitação na criação destas estratégias, devido às regras que ele impõe aos participantes.

Segundo Pontes e Magalhães (2002) comportar-se de acordo com as regras do jogo implica necessariamente uma aprendizagem hierárquica, Froebel (1912 apud KISHIMOTO, 1998) completa tal pensamento explicando que devido a tal implicação o jogo é um instrumento significativo no âmbito escolar, pois a partir desta ferramenta a criança amplia sua percepção de mundo, bem como sua cadeia de relacionamento social, entre outras aprendizagens. Carvalho et al. (2005, p. 222) explica que “a inserção do brincar livre, espontâneo, no currículo educacional e, conseqüentemente, nos projetos pedagógicos das instituições educativas, é um processo de transformação política e social em que crianças são vistas pelos educadores como cidadãs, isto é, cada uma como sujeito histórico e sociopolítico, que participa e transforma a realidade em que vive”.

Atualmente, o uso dos brinquedos no âmbito da educação infantil apresenta dois significados, conforme Kishimoto (2005) aponta em sua pesquisa. Em um primeiro significado os educadores fazem uso do brincar para valorizar a socialização da criança com as demais e em segundo momento os educadores que dirigem o brincar e os jogos educativos a escolarização. Ao promover esta pesquisa, a autora verificou os brinquedos mais utilizados na atuação pedagógica, sendo eles: quebra-cabeça, encaixe, mosaico, os quais propõem a aprendizagem de conteúdos específicos. Outro fator interessante que tal pesquisa encontrou, foi à associação do brincar nas aulas de Educação Física, devido à estimulação das atividades motoras, neste contexto, encontram-se os seguintes brinquedos, como ferramentas mais utilizadas: bolas de borracha, bambolês, petecas, bolas de tecido, bolas de futebol, bastões para corrida, argolas e cordinhas para cavalgar.

Para concluir tal pesquisa, a autora entrevistou vários professores, questionando quais são os brinquedos que favorecem o lúdico, encontrando os seguintes resultados: brinquedos tradicionais e motores: barra-manteiga, lenço-atrás, mãe de rua e varetão, gincanas, balanças, gangorras, brinquedos grandes e pneus, bola, corda, bambolê; educativos: quebra-cabeça, encaixes, jogos de linguagem matemática, memória, dominó, baralho, boliche e dados; simbólicos: casinhas e brinquedos trazidos pelos alunos para a brinquedoteca; construção – monta-tudo, pino-mágico, lig-lig.

Apesar de diversas teorias que concebem os jogos com regras, estes são considerados aqui como uma atividade que se origina com as primeiras experiências que os bebês têm do mundo social, impregnam o faz-de-conta e a construção, organizando-se de forma explicita cumprimento de determinadas regras que organizam a ação das crianças. Isto quer dizer que, neste tipo de brincar, as próprias regras constituem-se n os recursos que delimitam um campo de raciocínio ou ação que devem ser seguidos. Assim, Vygotsky (1994) explica a importância da pedagogia do jogo pelo fato da criança permear entre a fronteira do real com o imaginário, sendo que ambos os espectros se inter-relacionam, pois a fantasia precisa da realidade como base, e a realidade, por sua vez, precisa da fantasia para relativizá-la, para suavizá-la, colori-la. Portanto, as brincadeiras são as responsáveis pelo entrelaçamento destas duas esferas, transitando entre elas e ressignificando-as permanentemente.

O brincar é, nessa perspectiva, uma atividade sócio-cultural, pois tem origem nos valores, hábitos e normas de uma determinada comunidade ou grupo social, sua natureza é sócio-cultural, a medida que as crianças brincam com aquilo que elas já sabem ou imaginam que sabe sobre as formas de relacionar-se, de amar e de odiar, de trabalhar, de viver em grupo ou sozinhas, de interagir com a natureza e com os fenômenos físicos etc. A brincadeira permite a mutação da realidade, pois todas as coisas tornam-se outras coisas, Leite (2002) ainda ressalta que tal atividade é um espaço à margem da vida comum, que obedece a regras criadas pela circunstância. Assim, brincar não é uma característica infantil, mas do ser humano, ação não-inata, mas aprendida de modo informal, sob os conhecimentos fornecidos pela cultura.
Froebel (1887 apud ARCE, 2004) explica que a pedagogia do jogo é o melhor método para evitar que o ensino abstrato prejudique o desenvolvimento dos talentos dos alunos, ou seja, respeitar antes de tudo a metodologia natural das crianças, isto é, o seu desenvolvimento. Portanto, todo o esforço da educação e dos educadores deve estar voltado para o favorecimento do desenvolvimento livre e espontâneo do indivíduo.

A estrutura da brincadeira, no geral determina o desenrolar dos acontecimentos no jogo, prevendo padrões, estratégias e sanções típicas. Apesar de esta estrutura ter sua origem histórica nas relações, constitui um elemento ritualizado (CONTI; SPERB, 2001).

Freire e Scaglia (2003) explicam como o professor deve inserir as brincadeiras populares em salas de aula, ou seja, primeiramente questionar aos alunos qual o conhecimento prévio deles em relação às brincadeiras, escolher uma brincadeira conhecida entre todos e promover variações na mesma, como por exemplo: amarelinha, pega-pega, dia e noite, pique-bandeira etc.

Portanto, os brinquedos e materiais utilizados pelas crianças em suas brincadeiras influenciam, decisivamente, na maneira como interagem e como brincam entre si, como por exemplo, alguns materiais como argila, areia e água propiciam brincadeiras não-sociais do tipo solitárias e paralelas, enquanto bonecas, carrinhos e jogos de chá facilitavam o uso do faz-de-conta e da imaginação.

Froebel (1826 apud ARCE, 2002) em seus estudos apresentou a importância do educador respeitar a integridade do educando, bem como fornecendo atividade e a liberdade nos atos de seus discípulos. Para tanto, é necessário que tal profissional conheça os diversos graus de desenvolvimento humano do homem para alcançar seu objetivo, ou seja, promover o ato de educar. Respeitando os limites e as dificuldades de cada etapa do desenvolvimento humano, percebe-se que a educação da infância se realiza por meio da ação, do jogo e do trabalho. Por isso, houve a necessidade de inserir o brinquedo e a brincadeira, ou seja, a atividade lúdica no âmbito escolar. Froebel (1826 apud ARCE, 2002) fez uso de blocos de construção, papel, papelão, argila, serragem, entre outros.

A criança ao brincar com a boneca repete situações ou acontecimentos presentes na vida adulta, como por exemplo, cuidar de um bebê. Ao fazê-lo ela imita a forma como a mãe cuida do irmão mais novo. Por isso Vygotsky (1994, p. 117) afirma que o brinquedo “é muito mais a lembrança de alguma coisa que realmente ocorreu do que imaginação”. Na brincadeira todas as operações e ações que a criança realiza são reais e sociais; por meio delas a criança busca apreender a realidade. Por exemplo, crianças brincando de vacinação contra a varíola, nessa brincadeira as crianças imitam a seqüência real da ação realizada para a vacinação. Nota-se que em um jogo as condições da ação podem ser modificadas: pode-se usar papel, em vez de algodão; um pedacinho de madeira ou um simples pauzinho, em vez de agulhas; um líquido imaginário em vez de álcool, mas o conteúdo e a seqüência da ação devem, obrigatoriamente, corresponder à situação real.

É preciso acentuar que a ação, no brinquedo, não provém da situação imaginária, mas, ao contrário, é essa que nasce da discrepância entre a operação e a ação; assim, não é a imaginação que determina a ação, mas são as condições da ação que tornam necessária a imaginação e dão origem a ela (VYGOTSKY, 1994).

A educação é o processo pelo qual a criança desenvolve sua condição humana auto-consciente, de maneira harmoniosa em relação à natureza e a sociedade, então, a educação deve basear-se na evolução natural das atividades da criança, ou seja, partir de suas necessidades e habilidades. Portanto, o verdadeiro desenvolvimento advém de atividades espontâneas, daí a necessidade de inserir os jogos e brincadeiras no âmbito escolar. Brincando, a criança pode vivenciar uma mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e comportamentos adequados (PIAGET, 1999).

Logo, o brincar é a oportunidade de desenvolvimento e aprendizagem, pois brincando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita, enfim aprende com facilidade. O brincar estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança. Proporciona também a aprendizagem, o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração da atenção. O jogo e o brincar emitem também possibilidades de limite à criança. O conteúdo dos jogos pode ser incorporado em projetos pedagógicos: o professor deve observar participar, enriquecer e incorporar o conteúdo do jogo espontâneo, sendo que todos os jogos devem ser valorizados. Muitos autores defendem o uso dos jogos como sendo um elemento que deve ser priorizado e valorizado, pois acreditam que eles têm um papel fundamental na Educação Infantil e também são importantes na construção da identidade e da autonomia (FRIEDMANN, 1992).

5 CONCLUSÃO

As crianças podem começar a andar em idades diferentes, pois desenvolvem de maneira diferente e nem todas passam pelos mesmos estágios. Alguns bebês não engatinham, eles passam da fase de sentar-se direto para levantar-se e andar. Outros se sentem perfeitamente à vontade engatinhando e continuam assim até o segundo ano de vida. É muito interessante ver a expressão no rosto da criança quando dá os primeiros passos. É uma expressão de surpresa. O entusiasmo do bebê somado a paciência e o amor dos pais é um ótimo começo para essa nova fase da vida da criança. Dessa forma, quando a criança entra no processo escolar, o seu suporte novo é o professor, o qual ensinará novas situações e contribuirá na construção do seu desenvolvimento intelectual. Assim, o professor deve incentivar a criança por meio de diversas práticas pedagógicas que façam parte da sua realidade, ou seja, fazendo uso dos jogos como recurso facilitador do método de ensino-aprendizagem.

O educador ao fazer uso dos jogos e brincadeiras em sua atuação, consegue compreender como os seus alunos vêem e constroem o mundo, ou como eles gostariam que fossem, pois pela brincadeira, eles expressam o que teriam dificuldade de colocar em palavras. Afinal, nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas e ansiedades. O que está acontecendo com a psique da criança determina suas atividades lúdicas, pois brincar é sua linguagem secreta, que o professor deve respeitar mesmo sem entender.

O jogo é um dos mecanismos dentro e fora da escola capazes de auxiliar a criança a apreender o conjunto das riquezas produzidas pela humanidade, gerando revoluções no desenvolvimento infantil, bem como, o desenvolvimento do pensamento abstrato, o qual permite melhor interação da criança com o mundo externo. Por meio das brincadeiras, a criança mostra do modo espontâneo, o que pensa e o que sabe, logo, tanto a escola quanto a família, muitas vezes, desconsideram o papel das brincadeiras na vida das crianças. Sendo assim, é preciso que todas as escolas dêem oportunidades às crianças de serem criativas para que possam conhecer o gosto da construção do conhecimento. Desta forma, o brincar poderá ser utilizado para um aprendizado mais rico e compreensivo, tanto no âmbito formal quanto informal da educação.

O educador utilizando meios facilitadores para o desenvolvimento da cognição, resultará num possível desenvolvimento adequado da criança, bem como, a possibilidade de haver aprendizagem significativa a ela. Portanto, o professor deve conhecer as segundas intenções do brincar.


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Priscila Benitez - Psicóloga, Pedagoga, Pianista, Pós-graduanda em Intervenção familiar: terapia e orientação sistêmica, pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, autora dos artigos: “Desenvolvendo o hábito da leitura nos anos iniciais da educação formal”, publicado pela UFTM (Uberlândia) e “Vencendo as armadilhas da educação matemática por meio da abordagem etnomatemática”, publicado pela UNICAMP (Campinas). Resumos publicados e comunicações apresentadas: “Como trabalhar com crianças desinteressadas em sala de aula”, resumo publicado pela UFU (Uberaba) e “O tripé da psicanálise: Sócrates, Platão e Aristóteles”, resumo publicado pela UFSCAR (São Carlos). Atualmente é tutora do curso de Pedagogia da UNICOC – São José do Rio Preto; psicóloga clínica, coordenadora do Projeto “Escola para pais” e professora dos grupos de estudos do Instituto da Vida: 1. Psicologia aplicada em concurso, 2. Terapia cognitivo comportamental, 3. Terapia familiar e de casal, 4. Psicologia organizacional e supervisora clínica no Instituto da Vida; palestrante eventual da Prefeitura Municipal de José Bonifácio para professores de educação infantil.

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